Antes mesmo de o Marcelo dar ideia de fazer este blog, eu já fazia cliques das delícias que provava na França e, por isso, tenho vários posts na gaveta semi-prontos para serem publicados.
Quando as pessoas vêem meus albuns de viagem, não entendem essa minha forte tara por fotos de comida, e costumam dizer que eu comi demais na minha jornada além-mar. Já tenho resposta pronta pra esse tipo de comentário invejoso das minhas gulodices: eu tomo café, almoço e janto igual a você, só que eu tiro foto e você não! Ehehehehe E digo mais: para mim, há muito tempo, investir em uma boa refeição - uma experiência gastronômica, melhor dizendo - é tão importante quanto visitar monumentos. E olha que eu sou arquiteta (tudo bem, uma arquiteta amante da gastronomia).
Mas indo direto ao ponto, quando eu provei o Delischuss do Casino lá em Vichy, eu tive que me segurar pra não comer tudo antes de tirar a foto. E reparem que as fotos estão péssimas, o que comprova minha pressa para devorá-los.
Em poucas palavras: é um dos melhores biscoito que eu já provei aqui (e quem sabem na vida!). Mas eu até já desconfiava. O Casino não faz caixas pretas para qualquer produto. Podem reparar: quando a caixa é preta, é VIP (very important products). O preço também faz jus a sua distinção - em torno de 2 euros e pouco - mas eu pago sem dor nem piedade.
Mas como ele é? São biscoitinhos redondos, sendo um dos lados coberto por chocolate suiço e outro por um negócio ultra crocante que eu não sei o que é. Talvez sejam amêndoas ou então farelos minúsculos de casquinha de sorvete. Já não me lembro mais. Por dentro, uma camada fina de recheio marrom claro tipo mousse entre duas bandas de biscoito ultra leve que faz croc-croc. Bref, um biscoito que quer ser chocolate.
Alguma dúvida que vale 5 estrelas?
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
terça-feira, 2 de outubro de 2012
Le Chocolat Caramelisé
No meu post anterior tive de enfrentar um
trauma escrevendo e lembrando do sofrimento causado pelo queijo Munster e como
ele foi escolhido o nome do prêmio de pior descoberta gourmande do mês. Agora
contarei como o Chocolat Caramelisé (chocolate caramelizado, em português) se
tornou um dos melhores momentos vividos no primeiro mês de nossa estadia na
França e, por isso, é o nome do prêmio de melhor descoberta do mês.
Antes de começar, preciso contar um pouco
sobre a cidade de Vichy.
Bem no centro da cidade de Vichy se situa o
parque/praça principal da cidade chamado de Parc de Sources. Este parque abriga
a Ópera, o Hall de Sources (onde pode-se provar de todas águas minerais da
cidade) e é onde acontece a maioria das manifestações culturais abertas ao público
da cidade. Além disso, em um canto do Parc de Sources se situa o bar mais
frequentado de Vichy: La Galerie.
"La Galerie" é um dos únicos bares
da cidade (pelo que sei, o único :P ) com música ao vivo para um público mais
jovem. Quase todos os dias de nossa estadia em Vichy havia um show no fim da
tarde. Os shows eram realizados em um palco ao ar livre, de frente para as
mesas que se distribuíam sobre o canto do parque, próximo ao Hall de Sources.
Dentro do bar há uma pista de dança onde, quase sempre, se realizavam as
soirées (festas) semanais da nossa escola de francês. Assim, sempre que eu
podia e quando não havia outra atividade, eu passava no La Galerie.
Em um certo dia fui ao bar para ver quem eu
encontrava. Como a cidade era pequena e, no período do verão, repleta de
estudantes da escola, sempre que eu ia ao bar, eu encontrava um conhecido.
Neste dia cheguei lá e encontrei minha colega de turma italiana, a Lorenza;
duas amigas de Israel, a Lilia e a Natalie; e um brasileiro, o Matheus. Sentei
na mesa com eles para conversar e tomar uma cerveja. O show do fim de tarde não
havia começado ainda. Sobre o palco se via os instrumentos preparados para o
show: somente tambores.
Depois de pouco tempo começou o show. Era um
grupo formado por africanos que batucavam tambores em uma mistura de timbalada
e batuque de religiões afro-brasileiras. No início eu estava indiferente ao
show e até um pouco incomodado, visto que a conversa estava boa e o som do show
dificultava minha compreensão do francês.
Em um momento os integrantes chamaram pessoas
pra dançar. De início ninguém foi. O Matheus então se levantou e nos chamou pra
ir em direção ao palco. Fui o primeiro a ir atrás e ajudei a convencer as
outras a irem também.
Já na frente do palco com todos os outros,
começamos a dançar timidamente. Mas pouco tempo depois, o Matheus já tinha se
enturmado com a banda, começando a cantar em cima do palco junto com os
integrantes. Neste momento me empolguei também. Gosto de batucada e desse tipo
de música, mas até então não tinha entrado no clima. Foi então que encarnei um
espírito africano. Me senti em um ritual de umbanda como se fosse um pai de
santo possuído pela pomba-gira ou então em uma cidade africana como um
guerreiro de uma tribo fazendo a dança do criolo doido. Utilizei todo meu
gingado e malemolência pra dançar como nunca dancei na minha vida.
A animação tomou conta do ambiente. Algumas
pessoas que nos olhavam sentadas nas mesas levantaram-se e foram se juntar a
nós na nossa dança. Vendo isso, um dos integrantes da banda foi para a beirada
do palco para ensinar uma coreografia que lembramos e dançamos até hoje. A
coreografia ajudou a aumentar ainda mais a animação e fez com que todo mundo se
empolgasse e caísse na gandaia. Foi aí que um dos integrantes da banda,
elogiando o público, gritou do alto do palco: "VOUS ÊTES TOUS CHOCOLATS
CARAMELISÉS!!!" (Vocês todos são chocolates caramelizados!!!)
A
reação foi uma mistura de êxtase, empolgação e risos.
Depois disso tocaram versões de batucada
misturadas com o refrão de "Seven Nation Army", do "Rap das
Armas" e outras. E com isso a animação se perpetuou até o fim.
Terminado o show, os integrantes da banda nos
agradeceram pela participação, que acabou incentivando outras pessoas a também
participarem. Agradeceram principalmente ao Matheus que os ajudou na cantoria e
elogiaram minha dança fenomenal. :-) Conversamos com eles mais um pouco e nos
disseram que no dia seguinte teria outro show, mais uma vez no La Galerie.
No dia seguinte pela manhã contei empolgado
aos brasileiros do CAPES/COFECUB sobre o show, principalmente sobre o
"chocolat caramelisé". Disse à eles que deveriam ir no show que ia
ocorrer mais tarde naquele dia, pois seria animação garantida.
A grande parte de quem convidei foi ao show:
a Marília, a Carolina, a Melina e a Daniela. O show foi tão bom quanto o da
noite anterior, com direito a coreografias, mais gritos de "chocolat
caramelisé" e músicas diferentes. Com isso, eu continuava na
empolgação para dançar com todo meu requebrado e desenvoltura dignos de um
Michael Jackson com ataque epiléptico, que nem eu nem ninguém sabem
explicar.
A música que mais empolgou neste show e que
cantamos até hoje é:
"O-le-lê O-la-lá,
On est fatigué,
On est toujours là".
O que traduzindo quer dizer que apesar
de cansados, continuamos lá.
Após o show conversamos por um bom tempo com
os integrantes da banda. Eles nos
contaram que a maior parte deles vieram do Senegal e já estavam há tempos na
França fazendo shows. Entre os mais simpáticos da banda estava o Armaaaniii
(com 3 "a" e 3 "i"). Ele nos falou que a origem deste nome
artístico se deve aos tempos em que vendia óculos Giorgio Armani pela Europa.
Também me confidenciou que gostou muito de uma das brasileiras de nosso grupo,
o qual o nome não posso revelar. :P
Durante a conversa eles se empolgaram e para
celebrar a amizade conosco, propuseram de tocar novamente para nós. Fomos para
dentro do bar e tivemos um show exclusivo até o momento do fechamento do bar.
Depois disso, trocamos contato com os
integrantes da banda. O Matheus, que foi o que mais participou dos shows com
sua cantoria, trocou telefones com eles e ligava (e acho que ainda liga) para
eles de vez em quando. Através disso, um dia encontramos com eles mais uma vez
em Vichy. Eles estavam voltando de um show e passaram por um dos parques da
cidade onde fazíamos um pique-nique e nos ofereceram refrigerante e cervejas,
além de uma ótima conversa.
Falar "chocolat caramelisé", após a
nossa amizade com a banda se tornou usual entre nós durante o resto da estadia
em Vichy.
Em um certo dia no supermercado encontrei alguns
biscoitos que diziam na embalagem conter “chocolat et caramel”. Tive que os
comprar.
Levei os biscoitos para alguns dos nossos
encontros, como em nosso pique-nique de despedida de Vichy, com os quais brindamos
nossa amizade. Sim! Brindamos como quando fazemos com copos de champagne em
festas.
Ao provar os biscoitos, o gosto era bom, nada
de excepcional. Se tratava de um biscoito de maizena coberto com uma camada de
chocolate recheado com caramelo.
Mas não era somente o gosto que importava nestes
biscoitos. Era o conceito de ser “chocolat caramelisé” que, para nós, era
sinônimo de alegria, diversão e principalmente de união e amizade. União entre
pessoas de diversas nacionalidades, regiões, cidades que encontramos em Vichy.
Amizade que fizemos com estas pessoas e que, caso não se perpetue através do
contato e aproximação, ficará guardada em parte na nossa memória e coração ao
lembrarmos dos momentos de alegria e diversão que compartilhamos.
É por isso que a melhor descoberta gourmande
do mês receberá o prêmio de Le Grand Prix Chocolat Caramelisé.
P.S.: Para vocês que aguentaram e leram todo
este texto: "Vous êtes tous chocolats caramélisés!!!!" "
terça-feira, 25 de setembro de 2012
Bolachas Top Budget
Como as prateleiras dos supermercados estão lotadas dessas delicias, lá vai mais uma bolacha de doce, claro!!!!
Depois de comprar um bolacha cara que não gostei, só lembro da embalagem, resolvi investir nas bolachas mais baratas. Se tenho que perder alguma coisa que seja pouco, rsrr... Desde de então, passei a comprar bolachas mais baratas e achei uma marca - Top Budget. Podem comprar!! Eu garanto porque ainda não tive nenhuma decepção.!!!
A que estou postando é uma das minhas favoritas!!! Ela parece com chocolat caramelise que o Marcelo comprou e comemos no trem indo ao Mer de Glace, ou seja, é uma bolacha crocante com uma barra de chocolate ao leite por cima. Não me lembro o preço exato mas, sei que foi menos de 1 euro. Nota é 4!!!!
Depois de comprar um bolacha cara que não gostei, só lembro da embalagem, resolvi investir nas bolachas mais baratas. Se tenho que perder alguma coisa que seja pouco, rsrr... Desde de então, passei a comprar bolachas mais baratas e achei uma marca - Top Budget. Podem comprar!! Eu garanto porque ainda não tive nenhuma decepção.!!!
A que estou postando é uma das minhas favoritas!!! Ela parece com chocolat caramelise que o Marcelo comprou e comemos no trem indo ao Mer de Glace, ou seja, é uma bolacha crocante com uma barra de chocolate ao leite por cima. Não me lembro o preço exato mas, sei que foi menos de 1 euro. Nota é 4!!!!
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
Molho de tomate com ricota
Estudantes eternos como nós muitas vezes precisam de ingredientes práticos para preparar um almoço pá-pum naqueles dias de prazo final para envio de um artigo. E macarrão, meus amigos, é ou não é um prato certo na mesa dos pesquisadores?
Comprei esse molho de tomate com ricota e manjericão (proveniente da Itália), porque desde que cheguei aqui na França vejo em todos os supermercados, de várias marcas.
Esquentei um bocadinho na frigideira enquanto o macarrão estava na panela, coloquei um queijinho Chaussée aux moines para derreter junto e voilà...meu almoço ficou pronto em 15 minutos.
A ricota vem meio esfarelada dentro do molho, junto com minúsculos pedaços de manjericão. Ficou bem gostoso e não achei o gosto nada artificial. Não vou comparar com outros pratos mais sofisticados que poderia fazer, senão o produto é desfavorecido. Assim, dentro da categoria molhos de tomate, dou 4 estrelinhas, pra guardar a 5ª para um que possa realmente me deixar sem palavras.
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Bolacha com recheio de cereja
Para minha primeira postagem, reservei um das delicias de doce que existe na França.
Para o meu paladar, diria que é sensacional!!! Possui um recheio de cereja e uma fina camada de chocolate branco cobrindo uma macia bolacha. Além de tudo isso, o preço é bom. Paguei 0,87 euros.
Fica a dica se alguém gostar de cereja como eu gosto. Atribuo nota 4. Só não dou 5 porque não quero me precipitar na primeira avaliação, rsr.....Bjos.
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Baguette Montagu Tradition
Tenho o privilégio de ter na minha rua duas boulangeries, onde posso comprar no caminho de volta pra casa ou da academia (um sacrilégio, eu sei!) uma baguette ou um croissant recém saidos do forno.
Acho tão francês pedir "une baguette tradition, s'il vous plaît" e sair carregando na mão a dita cuja quentinha e fofinha embalada só onde há o contato com a mão (ou com a axila ahahah), deixando de fora as pontinhas pra sair encostando em tudo que é lugar sujo no meio do caminho. Mas tudo bem, ela já vem suja mesmo, já que as vendedoras a apoiam no balcão sem nenhum pudor, enquanto te dão o troco com a mesma mão que tocou o pão. O importante é entrar no clima dos franceses e sair exibindo sua baguette, segurando meio que com desleixo como se não estivesse preocupado em encostá-la no poste, e dar aquela mordida na pontinha porque não consegue se aguentar até chegar em casa.
Numa dessas idas à boulangerie mais rafinée da vizinhança, descobri uma tal de Baguette Montagu Tradition. Você vê de cara que ela é fina, chique e elegante e quer se diferenciar das demais expostas na prateleira. Ela vem toda enroscada, faceira que só ela, polvilhada com muita farinha branquinha. Até parece um croissant, por lembrar uma massa folhada. Mas isso só de longe, porque bastou tocá-la que você percebe que ela no fundo no fundo é uma baguette e não nega.
Eis minha baguette Montagu Tradition, já em território brasileiro (leia-se: meu studio), apoiada no prato porque já basta de tanta falta de higiene, né? Reparem na mordida na ponta. Não resisti. Estou virando uma francesa.
Avaliação (no dia que compra): 5 estrelas
Avaliação (quando vira pedra, 2 dias depois): 2 estrelas.
Onde encontrar? Nas melhores padarias da França. eheheeheh
Update: hoje passando pela padaria, me dei conta de que ela na verdade se chama MONTAGU (A atenta, essa Marilia...) e que, obviamente, essa baguette é especialidade (e provavelmente criação) da casa. Se tiverem sorte, encontrarão ela por ai com outros nomes...Senão, dêem uma passadinha por aqui que eu levo vocês lá!
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Os Prêmios Mensais do Blog e Le Fromage Munster
Mensalmente nosso blog oferecerá um prêmio a melhor e a pior descoberta gourmande avaliada naquele mês. Os prêmios serão denominados de Le Grand Prix Chocolat Caramelisé, para a melhor; e Le Prix Fétide Fromage Munster, para a pior. A escolha dos nomes dos prêmios se deve às nossas primeiras experiências culinárias na França. Enquanto o Chocolat Caramelisé nos traz boas recordações, o queijo Munster quase abalou nosso pique-nique de despedida da cidade de Vichy e nos causa traumas até os dias de hoje.
Começo hoje por descrever as impressões sobre o queijo Munster.
Le Fromage Munster
O queijo Munster é proveniente do leste da França, sendo sua denominação protegida desde 1969 nacionalmente e desde 1996 pela União Européia. Fato este que já me indigna porque não é a denominação deste queijo que deve ser protegida, mas sim devia-se proteger as pessoas de comê-lo.
Bom, este queijo entrou em nossas vidas no último dia de nossa permanência em Vichy. Íamos fazer um pique-nique de despedida e eu tive a excelente idéia de contribuir com alguns queijos diferentes que eu encontrasse no feirão de queijos do supermercado Casino.
Eis que no mercado me deparo com diversos queijos e, como é de minha personalidade de indeciso, fiquei em dúvida do que comprar. Assim, como acontece de praxe à todos que não conhecem um produto, decidi comprar os queijos pela aparência da embalagem e as informações descritas nela.
Observando os queijos, todos eram de coloração mais branca, enquanto o queijo Munster me chamava atenção pela sua coloração mais amarelada/alaranjada. Além disso, gostei da embalagem do queijo, havia um desenho que tornava o produto "simpático". Por causa disso, durante minha escolha cheguei a trocar várias vezes um queijo por outro na indecisão de comprá-los, mas sempre mantinha em minha mão o bendito Munster. Pensava eu: "Este queijo não tem como dar errado!"
Aí está um erro que todo mundo comete e que levou a criação do famoso ditado "Não julgue um livro pela capa". Apesar de ser difícil comprar algo que não se conhece sem ser através da embalagem, eu faço um alerta para nossos leitores: "Não julgue um queijo pela embalagem!".
Como muito tempo se passou desde a tortura da degustação do queijo, não lembrava mais da marca do produto e tive de vasculhar a internet em busca de uma foto da embalagem do produto. Foi um erro meu não ter tirado uma foto, visto que seria de grande utilidade pública divulgar a embalagem do produto para que NÃO o comprem. A única foto que encontrei é pequena e de um queijo similar. Mas felizmente fui salvo pela Marília que havia tirado fotos do queijo no dia de nosso pique-nique.
Observando a embalagem agora, acho que eu estava bêbado ou tinha tomado drogas alucinóginas na hora que comprei e pensei que seria um bom queijo. Primeiro porque o queijo é do tipo Munster, o que lembra Monster - monstro em inglês. Segundo porque a marca do produto é Les Trois Sapins (Os Três Pinheiros, em francês), lembrando a palavra "sapinhos" em português.
Enfim, comprei o queijo. Agora não tinha mais volta.
Chega o momento do pique-nique. Todos levaram seus produtos para o gramado em frente a nossa escola de francês em Vichy, o CAVILAM. Levei três queijos que tinha comprado no mercado. O primeiro que escolhi para degustar, devido às razões anteriores, foi o Munster.
Chega o momento da prova do queijo. A primeira reação foi o cheiro do queijo ao cortá-lo. Cheiro este que não senti no momento da compra do queijo e que podia certamente afastá-lo de mim. Era um cheiro de enxofre podre. Parecia que todos excrementos de cachorro presentes na calçadas de Vichy haviam unido forças para expelir um cheiro fétido insuportável. Isso já me causou uma certa repulsão pelo alimento, mas não sou uma pessoa de desprezar desafios culinários: tinha que o comer.
O meu espanto e um pouco do cheiro que vagava no ar no momento chamou a atenção de todos. Todos ficaram atentos ao momento que eu fui comê-lo. Respirei fundo e comi. Parecia que todo o cheiro fétido insuportável tinha se transformado em sabor e começado a invadir e trucidar minhas papilas gustativas. Enquanto comia fiz uma careta horrível de desgosto, o que fez com que todos percebessem o meu ódio pelo produto.
Apesar disso, vários se propuseram a provar. Prepararam até câmeras pra filmar/fotografar a reação de quem comia. Durante a degustação de todos, às vezes, uma rajada de ar me trazia o cheiro fétido do queijo, me deixando enojado e surpreso com a coragem dos outros e a minha própria ao experimentá-lo. Mas eu fiquei mais surpreso ainda, ou melhor, estupefato e de queixo caído, quando a Renata degustou e disse que gostou do queijo. A explicação? Exceções, ou melhor, milagres acontecem.
Após nosso pique-nique, o queijo foi doado para a Renata que, como dito, foi a única que gostou do mesmo.
Por fim, eu tenho duas considerações a dizer sobre o queijo Munster. A primeira é que ele não deve ser oferecido ao seu pior inimigo. E a segunda: cuidado ao acender um fósforo próximo a ele que talvez ele exploda!!!
Assim, pelo seu poder fétido e destruidor de papilas gustativas, o queijo Munster foi escolhido para o nome do prêmio de pior dica gourmande do mês: Le Prix Fétide Fromage Munster.
P.S.: Ao escrever este texto procurei na internet a procedência do nome "Munster" e descobri que vem da palavra "monastère", monastério em francês. Acho que os monges que habitavam esses monastérios deviam pagar pecados comendo esse queijo. :D
domingo, 16 de setembro de 2012
Fromage: Chaussée aux Moines
Mais uma contribuição, agora na categoria fromages.
Faz tempo que quero provar o Chaussée aux Moines, pois quando a Lilia foi embora de Vichy, foi o único queijo que ela levou pra Israel. Ontem resolvi criar coragem e descobrir o que tinha por trás desta embalagem, que parece de um queijo bem tradicional. É o tipo de queijo que a gente compra sem saber o que esperar, pois não dá pra ver o que tem dentro nem sabemos exatamente que tipo de queijo é. Só sabemos que é uma "recette inimitable", como diz na embalagem.
O queijo tem uma casca levemente dura e é mole por dentro. Tem o cheiro um pouco forte, mas no fundo parece um queijo bem normal. Diria que se aproxima do Babybel que a Dani e a Melina uma vez me indicaram. É bem cremoso e talvez seja bom pra colocar numa receita para derreter.
Eu achei bom, mas não amei. Prefiro um queijo mais original, com um gosto mais "inimitable". Mas vale a dica de toda forma.
Avaliação: 3 estrelas.
Marilia
Faz tempo que quero provar o Chaussée aux Moines, pois quando a Lilia foi embora de Vichy, foi o único queijo que ela levou pra Israel. Ontem resolvi criar coragem e descobrir o que tinha por trás desta embalagem, que parece de um queijo bem tradicional. É o tipo de queijo que a gente compra sem saber o que esperar, pois não dá pra ver o que tem dentro nem sabemos exatamente que tipo de queijo é. Só sabemos que é uma "recette inimitable", como diz na embalagem.
O queijo tem uma casca levemente dura e é mole por dentro. Tem o cheiro um pouco forte, mas no fundo parece um queijo bem normal. Diria que se aproxima do Babybel que a Dani e a Melina uma vez me indicaram. É bem cremoso e talvez seja bom pra colocar numa receita para derreter.
Eu achei bom, mas não amei. Prefiro um queijo mais original, com um gosto mais "inimitable". Mas vale a dica de toda forma.
Avaliação: 3 estrelas.
Marilia
Pommes de terre en lamelles
Essa é do Carrefour, mas imagino que tenha em todo supermercado. Vem pré-cozida, cortada em lâminas e embaladas à vácuo. Basta tirar da embalagem e colocar pra cozinhar, dourar com uma manteiguinha na frigideira ou preparar no forno. Sugiro usá-las para fazer gratins dauphinois, aquela receita com um molho branco (aqui tem várias receitas) que os franceses servem geralmente com pato.
Fácil e muito rápida de fazer! Perfeita para pesquisadores preguiçosos e apressados.
Avaliação: 5 estrelas
Marilia
Chegou a hora de compartilhar!
Era um dia inusitadamente frio de verão quando decidimos fazer nosso piquenique de despedida na bela e pacata cidade de Vichy. Sentados sobre a grama verde dos jardins do Cavilam, compartilhamos alegrias, lembranças, esperanças, ansiedades, saudosismos e...a comida que restava no nosso frigô. Era a primeira vez que eu provava aquele mousse de chocolate industrializado já conhecido seu de longas semanas e era também a primeira vez que você provava do caviar d'aubergine, das tapenades e do patê de ervas finas que já não era mais novidade pra mim.
Eis que, entre uma degustada daquele queijo bom e também daquele fromage incomível que só a Renata conseguiu suportar, o Marcelo - o grande conhecedor de porcarias gordurosas do Casino - deu a ideia de criarmos um blog sobre nossas descobertas felizes (e porque não também as infelizes) nos supermercados da nossa querida França.
Depois daquele dia, cada um foi para sua cidade de destino e nunca mais ninguém falou no assunto. O Marcelo ainda ensaiou apresentar a versão chocolat caramelisé de Montpellier, mas a ideia não avançou.
Até que eu, uma gourmande assumida, achei que esta ideia não poderia morrer jamais! Minhas idas ao supermercado enchem minha cabeça de pesquisadora de pontos de interrogação: e este queijo, será que é tão fedorento e azedo quanto aquele do piquenique? E este biscoito, tem o mesmo sabor que o chocolat caramelisé de outrora? O que há por trás destas embalagens? Delícias escondidas que por falta de indicação nunca hei de descobrir?
Chega de guardar as dicas pra si! É hora de abrirmos nosso frigô e despensas e compartilharmos nossas dicas gourmandes com nossos queridos amigos cofecubianos que, como eu, enfrenta dia após dia a dúvida cruel: será que isso é bom?
É tudo muito simples: fotografe o produto, aberto, fechado, cru ou preparado e revele para nós todas as suas impressões sobre as delícias (e porcarias) que você encontrar nos supermercados e boulangeries deste país que agora é seu! Divida o preço, pra comprovar que vale a ida ao supermercado!
Padronizemos a avaliação: de 1 a 5 estrelinhas, quanto sua descoberta merece? Os vinhos fantásticos merecem 5 e os nível "vinagre", como dizem os franceses, merecem 1, no máximo!
Convido-os a saborear, ao redor de uma mesa virtual, entre gourmandises e amigos, as delícias de nosso ano de estudos neste país riquíssimo chamado França.
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